4 . Minha filha neta
Julia, quando pequena, demonstrava grande interesse pelas palavras: pesava-as, pensava-as, aproximava sentidos e sonoridades. A descoberta de um significado despertava sempre um novo entusiasmo.
Passava ela, com os irmãozinhos, um fim de semana na casa da avó. Servido o lanche, a avó a chamou:
Julia, vem cá, minha filha!
Mas eu não sou tua filha!… respondeu Julia um tanto assustada.
Eu sei, querida… é uma forma de falar. És minha neta!
Neta? Neta! Neta…
De olhinhos fechados, Julia procurava uma resposta em seu vocabulário. De repente, sorriu, o rosto desanuviado:
Já sei! Já sei!… Tu és minha avó. Quem tem vovó é neta. Tu és minha avó, eu sou tua neta!