5 . Hora de dormir
“Criança precisa dormir dez horas por dia.”
“O melhor horário para acomodar as crianças é antes das nove horas.”
“Crie uma rotina. Você precisa insistir; não se deixe enrolar.”
“Como não dormem?!”
Banho tomado, dentes escovados, cheirosos em seus pijamas, meus anjos são levados para o quarto.
– Cadê meu ursinho?
– Ao lado do travesseiro.
– Não quero esta coberta: estou com frio.
– Não gosto deste cobertor; quero o azul.
– O azul é meu. Você já tem um.
– Está bem… está bem. Cada um vai ganhar um azul.
– Mas eu queria aquele…
– Agora todos deitados, beijinho, beijinho, boa noite.
– Quero uma história.
– Tá bem, vou contar uma da minha cabeça.
– Da cabeça não, quero do livrinho.
– Não. Não vou acender a luz. Vamos dormir. Eu conto a história.
“… e foram para casa comemorar.”
– Pronto, agora vou encostar a porta.
Você sai em silêncio, senta suavemente no sofá e, quando ergue os olhos, duas criaturinhas de pijama, mãos dadas, olhos arregalados anunciam:
– Queremos água. Estamos com sede.
– Pronto. Já tomaram água. Agora é só fechar os olhinhos. Boa noite…
– Vó, Vó! Tem um mosquito no quarto!
– Já matei. Fecha os olhinhos que o sono vem.
– Vó! Vó! O Nico não me deixa dormir.
– Nico, deita bonitinho. A vovó está na sala aqui ao lado. Pode dormir.
Quase sem respirar, sento no sofá.
…
– Vó, estou com fome!
– Não! Todos jantamos. Agora vamos dormir. Vem cá. Eu te cubro bonitinho.
Duas horas passadas, pé ante pé, espio pela porta: aproveitando a réstea de luz que se infiltra no quarto, Nico projeta figuras na parede; Davi, travesseiros e cobertas mudados para o pé da cama, observa as figuras em movimento.
Afasto-me antes de ser vista. Quem sabe, finalmente, durmam … Afinal, é só insistir, não é mesmo?!