O verbo
Ação, estado, fato ou fenômeno, o verbo é palavra indispensável na organização do período
Modos do verbo – indicam as diferentes maneiras de um fato realizar-se.
- Indicativo – exprime um fato certo
- Subjuntivo – enuncia um fato possível, duvidoso, hipotético
- Imperativo – exprime ordem, conselho, proibição, pedido
Modos do verbo (indicam as diferentes maneiras de um fato se realizar): Modos Indicativo e Subjuntivo
- “Quando nos servimos do Modo Indicativo, consideramos o fato expresso pelo verbo como certo, real, seja no presente, seja no passado, seja no futuro.
- Ao empregarmos o Modo Subjuntivo, é completamente diversa a nossa atitude. Encaramos, então, a existência ou não existência do fato, visto como uma coisa incerta, duvidosa, eventual, ou, mesmo, irreal.” (Celso Cunha e Lindley Cintra)
Modo Indicativo
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Modo Subjuntivo
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Em decorrência dessas distinções, podemos estabelecer os seguintes princípios gerais, norteadores do emprego dos dois modos nas orações subordinadas substantivas:
- O Indicativo é usado geralmente nas orações que completam o sentido de verbos como afirmar, compreender, comprovar, crer (no sentido afirmativo), dizer, pensar, ver, verificar.
- O Subjuntivo é o modo exigido nas orações que dependem de verbos cujo sentido está ligado à ideia de ordem, de proibição, de desejo, de vontade, de súplica, de condição e outras correlatas. É o caso, por exemplo, dos verbos desejar, duvidar, implorar, lamentar, negar, ordenar, pedir, proibir, querer, rogar e suplicar.”
(Celso Cunha e Lindley Cintra)
Modos do verbo (indicam as diferentes maneiras de um fato se realizar): Indicativo
Indicativo – Com seu emprego, apresentam-se ações ou estados considerados na sua realidade ou na sua certeza.
É, fundamentalmente, o modo da oração principal.
Modos do verbo (indicam as diferentes maneiras de um fato se realizar): Subjuntivo
“[…] O subjuntivo denota que uma ação, ainda não realizada, é concebida como dependente de outra, expressa ou subentendida. Daí o seu emprego normal na oração subordinada.
Quando usado em orações absolutas, ou [em] orações principais, envolve sempre a ação verbal de um matiz afetivo que acentua fortemente a expressão da vontade do indivíduo que fala.”
(Celso Cunha e Lindley Cintra)
Empregado em orações absolutas, em orações coordenadas ou em orações principais, o Subjuntivo pode exprimir:
- um desejo, um anelo: Chovam hinos de glória na tua alma.
- uma hipótese, uma concessão: Seja como queres.
- uma dúvida (geralmente antecedido do advérbio talvez): Paula talvez lhe telefonasse.
- uma ordem, uma proibição: Que ninguém se esqueça desse pedido.
- uma exclamação denotadora de indignação: Diabos te levem!
(Celso Cunha e Lindley Cintra)
Modos do verbo (indicam as diferentes maneiras de um fato se realizar): Subjuntivo nas orações substantivas
Nas ORAÇÕES SUBSTANTIVAS, usa-se geralmente o Subjuntivo quando a oração principal exprime:
- a vontade, com referência ao fato de que se fala: Não quero que ele me julgue mal.
- um sentimento, uma apreciação com referência ao fato de que trata: Pior será que nos enxotem daqui.
- a dúvida que se tem quanto à realidade do fato anunciado: Receava que eu me tornasse ingrato.
(Celso Cunha e Lindley Cintra)
Modos do verbo (indicam as diferentes maneiras de um fato se realizar): Subjuntivo nas orações adjetivas
O Subjuntivo é de regra nas ORAÇÕES ADJETIVAS que exprimem:
- um fim que se pretende alcançar, uma consequência: O amigo tentava chamá-lo a uma realidade que o reanimasse.
- um fato improvável: Não houve nada que o convencesse.
- uma hipótese, uma conjectura, uma simulação: Estaria ali para dar esperança aos que a tivessem perdido?
(Celso Cunha e Lindley Cintra)
Modos do verbo (indicam as diferentes maneiras de um fato se realizar): Subjuntivo nas orações adverbiais
Em princípio, pode-se dizer que o Subjuntivo é de regra depois das conjunções:
- Causais, quando negam a idéia da causa: […] Não que não quisesse amar, mas amar menos, sem tanto sofrimento.
- Concessivas (embora, ainda que, se bem que, mesmo que): O povo não gosta de assassinos, embora inveje os valentes.
- Finais (para que, a fim de que, porque): Resolveu calar-se, para que tudo voltasse à quietude inicial.
- Temporais (antes que, até que): Vamos embora, antes que nos vejam.
(Celso Cunha e Lindley Cintra)
Usa-se também o Modo Subjuntivo nas orações comparativas, condicionais e consecutivas, quando apontam para uma hipótese e não uma realidade:
- Comportava-se como se fosse um robô.
- Se o dia fosse mais longo, eu daria conta da tarefa.
- Voltou-se para o lado, para que o filho pudesse aproximar-se.
Substitutos do Subjuntivo
O emprego do Subjuntivo resulta às vezes em construções pesadas, desagradáveis ao ouvido. No caso, convém substituí-lo por formas mais eufônicas:
- Pelo infinitivo: O professor mandou que o aluno lesse um romance./O professor mandou o aluno ler um romance.
- Pelo gerúndio: Se andarmos depressa, ainda o alcançaremos./Andando depressa, ainda o alcançaremos.
- Por um substantivo abstrato: Se tivesses voltado, serias bem recebido./Tua volta seria bem recebida.
- Por uma construção elíptica: Se fosse de ferro, a ponte suportaria o peso./De ferro, a ponte suportaria o peso.
Tempos verbais
Os tempos verbais situam o fato ou a ação verbal dentro de determinado momento (durante o ato de comunicação, antes ou depois dele).
São três os tempos verbais: presente, pretérito (ou passado) e futuro.
Tempos do Indicativo
- Presente
- Pretérito Perfeito Simples
- Pretérito Perfeito Composto
- Pretérito Imperfeito
- Pretérito Mais que Perfeito Simples
- Pretérito Mais que Perfeito Composto
- Futuro do Presente Simples
- Futuro do Presente Composto
- Futuro do Pretérito Simples
- Futuro do Pretérito Composto
Presente – expressa um fato atual
Pretérito Imperfeito – expressa um fato que tinha continuidade, que era habitual ou que se repetia num momento anterior ao ato da comunicação.
Pretérito Perfeito (simples) – expressa um fato totalmente concluído ocorrido no passado.
Pretérito Perfeito (composto) – expressa um fato ocorrido no passado, mas que pode ter continuidade no presente.
Pretérito Mais que Perfeito (simples) – expressa um fato totalmente acabado dentro do passado. Esse fato já era anterior ao fato mencionado como passado.
Pretérito Mais que Perfeito (composto) – expressa a mesma mensagem que o Mais que Perfeito simples.
Futuro do Presente (simples) – apresenta um fato que deve ocorrer em um momento posterior àquele em que se situa a informação.
Futuro do Presente (composto) – apresenta um fato que deve ocorrer posteriormente ao momento atual, mas que já estará terminado antes de outro fato futuro.
Futuro do Pretérito (simples) – Exprime um processo futuro tomado em relação a um fato passado: Ontem ele me disse que não viria.
Futuro do Pretérito (composto) – Tem emprego semelhante ao anterior, acrescido de um sentido de incerteza: Quem teria escrito?
Sobre os Tempos do Indicativo
1 – Emprega-se o Presente do Indicativo sempre que se tiver a intenção de:
- Enunciar um fato atual: É noite.
- Indicar ações ou estados permanentes: A Terra gira ao redor do Sol.
- Expressar um ação habitual ou uma faculdade do sujeito: Sou tímido.
- Dar vivacidade a fatos ocorridos no passado: D. Pedro recebe as cartas de Lisboa. Sente-se insultado…
- Marcar um fato futuro, mas próximo (normalmente acompanhado de um adjunto adverbial que sinaliza para o futuro): Volto amanhã.
2 – Emprega-se o Imperfeito do Indicativo sempre que se tiver a intenção de:
- Descrever o que era presente numa época passada: Naquele tempo eu fumava, bebia e não me preocupava com a saúde.
- Indicar, em ações simultâneas, a ação que se processava quando sobreveio a outra: Falava alto e o bebê acabou acordando.
- Denotar uma ação passada habitual ou repetida: O médico atendia na casa da esquina.
- Designar fatos passados vistos como habituais ou permanentes: Com a chegada do frio, as crianças adoeciam.
- Substituir o futuro do pretérito numa afirmação sobre um fato que não aconteceu ou não poderia acontecer: Pudesse eu, você ficava aqui.
- Substituir o presente do indicativo, como forma de polidez: Eu agora vinha pedir um favor.
- Situar vagamente no tempo (histórias de fadas): Era uma vez uma princesa.
3 – O Pretérito Perfeito Simples denota uma ação completamente concluída, afasta-se do Presente.
4 – O Pretérito Perfeito Composto expressa um fato repetido ou contínuo, aproxima-se do Presente.
5 – O Pretérito Imperfeito exprime um fato passado habitual, uma ação que teve continuidade, não limitada no tempo.
6 – O Pretérito Perfeito Simples expressa um fato não habitual, momentâneo, definido no tempo.
7 – O Pretérito Mais-que-Perfeito, além de indicar uma ação que ocorreu antes de outra já passada, é empregado quando se quer situar um fato vagamente no passado.
8 – O Futuro do Presente Simples indica:
- um fato provável, em relação ao tempo presente: Ele chegará amanhã.
- incerteza sobre um fato atual: Que barulho é este? Será um ladrão?
- forma polida de presente: Que pensa de mim, não me dirá?
- expressão de súplica, de ordem ou de desejo: Cumprirás tua palavra!
- fatos de realização provável, nas afirmações relacionadas entre si (fatos condicionados): Se estudares, serás vencedor.Interessante é notar-se que, ao passo que o emprego do Presente pelo Futuro transmite a ideia de certeza, o emprego do Futuro pelo Presente, de forma contrária, transforma o certo apenas em algo possível.Na língua falada, o Futuro do Presente Simples é pouco empregado. Costuma-se substituí-lo pelas formas de Presente dos verbos haver, ter e ir seguidas de infinitivo: hei-de conseguir; temos de resolver; vamos entrar.
9 – O Futuro do Presente Composto é empregado para:
- indicar que uma ação futura estará consumada antes de outra: Quando você chegar, já terei conversado com ele.
- exprimir a certeza de uma ação futura: Se ele não chegar, é que terá mudado de posição.
- exprimir a incerteza sobre fatos passados: Terá chegado em tempo?
10 – Emprega-se o Futuro do Pretérito Simples:
- para designar ações posteriores à época de que se fala: Depois de eleito, o candidato se revelaria despreparado para o cargo.
- para exprimir a incerteza sobre fatos passados: Quem conheceria os fatos que agora são revelados?
- como forma polida de presente (indicadora de desejo): Gostaria de ouvi-la cantar.
- para denotar surpresa ou indignação (em frases interrogativas e exclamativas): Seria possível que tudo acabasse naquele momento?
- nas afirmações condicionadas: Se tivessem ouvido algum conselho, essa desgraça não aconteceria.
11 – Emprega-se o Futuro do Pretérito Composto:
- Para indicar que um fato teria acontecido no passado mediante certa condição: Teria sido diferente, se eu o amasse.
- Para exprimir a possibilidade de um fato passado: Imaginou que, numa outra realidade, ela teria sido uma grande cantora.
- Para indicar a incerteza sobre fatos passados (em frases interrogativas que dispensam a resposta do interlocutor): Que teria acontecido para ele estar ali tão cedo?
Tempos do Subjuntivo
- Presente
- Pretérito Imperfeito
- Pretérito Perfeito Composto
- Pretérito Mais que Perfeito Composto
- Futuro do Presente Simples
- Futuro do Presente Composto
1 – O Presente do Subjuntivo indica um fato:
- Presente: Pena que eles estejam tão desamparados.
- Futuro: No dia em que precise de sua ajuda, você será o primeiro a saber.
2 – O Imperfeito do Subjuntivo pode ter o valor de:
- Passado: Não se passou um dia sem que ele viesse ver- me.
- Presente: Se tu enxergasses além de ti, entenderias teu filho.
- Futuro: Delegava a responsabilidade a quem encontrasse primeiro.
3 – O Pretérito Perfeito do Subjuntivo exprime um fato:
- Passado: Espero que não a tenha ofendido.
- Futuro: Quando eu voltar, espero que você já tenha se recuperado.
4 – O Pretérito Mais –que-Perfeito do Subjuntivo pode indicar:
- Uma ação anterior a outra passada: Fiquei em casa até que a chuva tivesse passado.
- Uma ação irreal no passado: Estava assustado como se tivesse visto fantasmas.
5 – O Futuro do Subjuntivo Simples marca uma eventualidade e é empregado em orações:
- Adverbiais: Quando puder, venha ver-me.
- Adjetivas: O prêmio será dado ao que souber a resposta.
6 – O Futuro do Subjuntivo Composto indica um fato futuro considerado terminado em relação a outro fato futuro: Quando tiveres terminado a leitura do relatório, entenderás o que digo.
Como formar IMPERATIVO
PRESENTE INDICATIVO
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PRESENTE SUBJUNTIVO
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IMPERATIVO AFIRMATIVO
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IMPERATIVO NEGATIVO
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Tanto o Imperativo Afirmativo como o Negativo são empregados para exprimir:
- Uma ordem, um comando: Não lhe digas nada.
- Uma exortação, um conselho: Caminha – e esquece.
- Um convite, uma solicitação: Venham ver!
- Uma súplica: Valha-me Nossa Senhora!
Pode o Imperativo substituir construções que empreguem ‘se’ + Futuro do Subjuntivo: Leia este livro e conhecerá o Brasil/Se você ler este livro, conhecerá o Brasil.
Tempos compostos
Os tempos compostos na voz ativa (pretérito perfeito, pretérito mais que perfeito, futuro do presente e futuro do pretérito do indicativo; pretérito perfeito, pretérito mais que perfeito e futuro do presente do subjuntivo) são formados com os verbos auxiliares ter ou haver seguidos pelo particípio do verbo principal:
Tenho trabalhado muito.
Espero que tenhamos acertado na escolha.
Havíamos saído cedo.
Embora houvéssemos participado do encontro, não tivemos o direito de opinar.
Avise-me, quando ele tiver saído.
Já teremos aprovado a proposta, quando ele chegar.
Haveriam encontrado os culpados, se fosse essa a intenção.
Os tempos compostos na voz passiva são formados com os verbos auxiliares ter ou haver, acrescidos do verbo ser e seguidos pelo particípio do verbo principal:
Haviam sido acertadas as escolhas.
Os dois têm sido vistos juntos.
Então já teremos sido alcançados pelos vendavais.
Locuções verbais
As locuções verbais são formadas por um verbo auxiliar seguido do gerúndio ou do infinitivo do verbo principal:
Hei de descobrir onde estão escondidas as cópias.
Ficas esperando o quê?
O jornal voltou a circular.
Temos de ir ainda hoje.
Ele vive fazendo projetos.
Autores consultados
Domingos Paschoal Cegalla Celso Cunha
Lindley Cintra Ernani Terra
Maria Helena de Moura Neves