Podemos dizer que sabemos ler?

Podemos dizer que sabemos ler?

É costume dizer-se que nós, brasileiros, mesmo quando alfabetizados, não sabemos ler. Será isto verdade? Como podemos nos certificar de nossa posição entre os privilegiados que dominam a leitura?

Você vai encontrar aqui orientações que lhe permitirão um olhar mais objetivo para a palavra escrita, possibilitando-lhe, em consequência, uma nova forma de leitura e de interpretação de textos.

Por que a preocupação com a interpretação acompanha a discussão de como redigir?

Porque só nos tornaremos capazes de redigir de forma adequada depois que nos familiarizarmos com a palavra escrita, depois que nos habituarmos a sentir o prazer do texto bem-estruturado. Aprender a interpretar e aprender a redigir são, pois, processos que se completam.

 

Para bem interpretar, é preciso que se observem alguns pontos básicos. O primeiro deles é saber que um texto é uma tecedura, ou seja, é uma trama formada de palavras. Assim como o tecido é estruturado em função da finalidade a que se destina, o texto é construído explorando determinados elementos que vão garantir sua organização, dentro dos princípios de unidade, coerência, clareza e concisão.

Vamos, então, aprender a observar um texto e ver como tais aspectos devem ser procurados nas leituras que encontramos em nosso dia a dia; assim podemos nos tornar leitores críticos. Ser crítico não é antepor nossa opinião à opinião manifestada no texto: o ser crítico se faz a partir da profunda compreensão do que lê e do respeito prévio ao que vai ser lido. Só depois do entendimento, é que podemos exercer a crítica – que começa exatamente na observação dos recursos utilizados na composição do texto. Ao contrário do que se costuma pensar, criticar não significa apontar defeitos.

O trabalho de interpretação passa, inicialmente, pela compreensão do que se lê. A primeira providência, pois, é fazer uma leitura atenta, buscando ajuda no dicionário para esclarecimento das palavras cujo sentido se desconheça.

O passo seguinte será a determinação do assunto – considerando a intenção do autor ao redigir o texto (aquilo que ele quer comunicar a seu leitor) –, seguida da determinação da estrutura (a forma apresentada na composição do texto), por intermédio da observação dos aspectos fonéticos (sons), morfológicos (emprego de verbos, substantivos, adjetivos e outras categorias gramaticais), sintáticos (estrutura da frase e ordenação dos termos na organização da frase) e semânticos (o significado das palavras e o sentido que elas possam evocar). Estabelecendo-se a análise da estrutura, em conexão com o assunto desenvolvido, constata-se que fundo e forma são indissociáveis, ou seja, percebe-se que o que dá consistência a um texto é a maneira pela qual um assunto é exposto, são os recursos utilizados. É a estrutura que dá forma ao texto, que transforma em palavras o que existia como ideia.

Não se esqueça de que um texto é um todo formado de partes coerentes; logo, todas as partes de um texto se relacionam entre si.

Percebido o texto em sua totalidade, faça uma nova leitura, agora para encontrar as ideias principais e a estrutura escolhida pelo autor para desenvolvê-las. Leia lentamente, sublinhando o que lhe parecer mais significativo. Isso deve ser feito atentamente em cada parágrafo, se o texto for dividido em parágrafos. Ao lado do trecho lido, escreva uma palavra ou um pensamento que sintetize as ideias básicas daquele trecho.

Feito isso, você percebe claramente a ordenação dada aos pensamentos no texto: você pode destacar as partes que o compõem. Lendo as anotações que deixou nas margens, enquanto foi lendo, você tem um verdadeiro resumo do texto. Caso você precise apresentar um resumo, é só elaborá-lo a partir desses dados.

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